Olá caríssimos Nerds,
estamos inaugurando hoje as postagens sobre Filosofia e Cristianismo aqui no
Católic Nerds e esperamos que estes artigos contribuam de alguma forma para que
você tenha uma formação mais abrangente, naquilo que diz respeito às razões de
nossa fé católica. “Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo
aquele que vos pedir a razão da vossa esperança” (I Pe. 3, 15).
Iniciemos então com uma
pequena apresentação da relação entre a Filosofia Grega e a Tradição Cristã. Tudo
de forma bastante introdutória apenas para gerar em cada um de vocês a vontade
de acompanhar as postagens e de relacioná-las com suas pesquisas pessoais
acerca do assunto. Ao final deste artigo já deixaremos uma dica de leitura
indispensável para todos que queiram se aprofundar nas questões de fé e razão.
Filosofia
e as ideias bíblicas
A Filosofia, como termo
ou conceito, surgiu na Grécia por volta das últimas décadas do século VII a.C e
é considerada pela quase totalidade dos estudiosos como criação própria do
gênio helênico. Como muitos de vocês já devem saber, o termo “filosofia”
significa “amor pela sabedoria”. Deste modo, a filosofia seria uma atividade
propriamente humana, pois a sabedoria, no sentido de posse certa e total do
verdadeiro, seria algo destinado apenas aos deuses. Em outras palavras, aos homens
caberia apenas uma tendência à “sofia”, uma contínua aproximação do verdadeiro,
ou ainda, um amor ao saber nunca totalmente saciado.
Dito isto, percebemos
de imediato que alguém interessado em filosofar, é alguém que tem uma profunda
abertura à reflexão, e não apenas isso, mas uma abertura a reflexão
sistemática, racional e motivada pela lógica. A filosofia quer explicar a totalidade das coisas, ou seja, toda a realidade, sem exclusão de parte
alguma. Assim, até aquele que queira negar a importância da filosofia deve
fazer isso filosofando, como o próprio Aristóteles já dizia: "Se se deve filosofar, deve-se filosofar
e, se não se deve filosofar, deve-se filosofar; de todos os modos, portanto, se
deve filosofar".
Os primeiros cristãos
que entraram em contato com a filosofia grega passaram sistematicamente então a
buscar as razões racionais para justificar a sua fé, porém o choque dessas duas
culturas (a grega e a cristã) ocasionaria mudanças importantíssimas em nossa
cultura ocidental, pois várias ideias bíblicas se sobressaíram às concepções
gregas de mundo. Obviamente, quando falamos de cultura cristã também estamos
abrangendo a bagagem judaica. Deste modo é que podemos falar de uma cultura
judaico-cristã, e é justamente ela que precisamos defender nos dias atuais. Segundo
os historiadores da filosofia Geovanni Reale e Dario Antiseri, as ideias
bíblicas que influíram sobre o pensamento ocidental são:
1 .
Passagem do politeísmo grego ao
monoteísmo cristão
2 .
A criação a partir do nada
3 .
A concepção antropocêntrica contida na Bíblia
4 .
O respeito pelos mandamentos divinos: a
virtude e o pecado
5 .
O conceito de providencia na Bíblia
6 .
A desobediência a Deus resgatada pela
paixão de Cristo
7 .
O valor da fé e a participação no Divino
8 .
O “Eros” grego, o amor (“ágape”) cristão
e a graça
9 .
Os valores fundamentais do cristianismo:
a pureza e a humildade
10.
A ressurreição dos mortos
Explanaremos de forma
sistemática cada um desses tópicos ao longo deste ano, porém estaremos abertos
a comentar outros temas filosóficos quando necessário. Acredito, contudo, que
só esta pequena parte do assunto apresentada neste texto já dá pra filosofar
bastante. Aguardem as próximas, pois estes temas são essenciais! Também
queremos indicar logo de cara a leitura da Carta
Encíclica Fides et Ratio do Sumo
Pontífice João Paulo II. Se você ainda não leu, corra e vá ler!
Abaixo deixo dois trechos da encíclica que com
certeza lhe motivarão na descoberta da filosofia quando relacionada às questões
de fé:
“A fé e a razão (fides
et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se
eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem
o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para
que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si
próprio (cf. Ex 33, 18; Sal 2726, 8-9; 6362, 2-3; Jo 14,
8; 1 Jo 3, 2)”.
“5. A Igreja, por sua
vez, não pode deixar de apreciar o esforço da razão na consecução de objectivos
que tornem cada vez mais digna a existência pessoal. Na verdade, ela vê, na
filosofia, o caminho para conhecer verdades fundamentais relativas à existência
do homem. Ao mesmo tempo, considera a filosofia uma ajuda indispensável para
aprofundar a compreensão da fé e comunicar a verdade do Evangelho a quantos não
a conhecem ainda”.
Por: Anderson Santos
Filósofo e idealizador do Catolics Nerds Recife PE
REFERÊNCIAS
Bíblia Sagrada. 150º Edição. Editora Ave-Maria: São Paulo, 2002.
Catecismo da Igreja Católica: edição típica Vaticana. Edições Loyola, São Paulo: 2000.
JOÃO PAULO II, Carta Enc. Fides et ratio. 14 de setembro de 1998.
REALE, Giovanni. ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Filosofia pagã
antiga. 2ª. ed. Trad. Ivo. Storniolo. Rev. Zolferino Tonon. São Paulo:
Paulus, 2004.
_______. História da Filosofia: Patrística e Escolástica. 2ª. ed. Trad. Ivo. Storniolo. Rev. Zolferino Tonon. São Paulo: Paulus, 2004.
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